A universalização do saneamento no Litoral Norte gaúcho deixou de ser promessa para tornar-se obra visível e mensurável. Em Imbé, onde apenas 0,5% dos lares contavam com coleta e tratamento de esgoto, a Corsan, sob gestão do grupo Aegea, mobiliza R$ 57 milhões para implantar 66 km de redes, duas elevatórias e uma Estação de Tratamento capaz de processar 64 litros por segundo, elevando a cobertura a 30% já em 2025. Esse salto atende não só à urgência sanitária de um balneário turístico, mas também à exigência legal de garantir 90% de atendimento até 2033, meta estabelecida no novo marco regulatório e já internalizada no plano de universalização da companhia.
A melhora nas condições de balneabilidade do Litoral Norte confirma a eficácia desse salto de cobertura: no encerramento da temporada 2024-2025, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) classificou como próprios para banho todos os 34 pontos monitorados na região, elevando o índice estadual de praias aptas a 92%. Essa retomada de qualidade, aliada ao cronograma de novas ligações domiciliares, previsto pela Corsan, fortalece a vocação turística de Imbé e reduz o risco de interdição de faixas de areia justo nos meses de maior fluxo de visitantes, um ganho estratégico para hotéis, restaurantes e o mercado imobiliário, que historicamente sofriam com alertas de contaminação nos boletins semanais. Ao minimizar o aporte de efluentes in natura nas lagoas e canais de maré, o projeto cria condições para que o município pleiteie certificações de qualidade ambiental, pressuposto cada vez mais valorizado por operadoras de turismo e pelo programa Bandeira Azul, referência global em gestão costeira.
Em Imbé, a adoção do Método Não Destrutivo (MND) confirma o compromisso de avançar rápido sem abrir valas extensas: microtuneladoras lançam a tubulação sob vias pavimentadas, preservam a arborização urbana e reduzem o impacto no trânsito, solução que encurta prazos e diminui acidentes de obra. A iniciativa integra o plano de saneamento para o Litoral Norte, que executa obras em Xangri-Lá e beneficia Capão da Canoa.
Eficiência operacional também significa reduzir o desperdício de água tratada. Hoje, a Corsan opera com perdas próximas de 43% na distribuição. A estratégia prevê ações de setorização, telemetria e renovação de ramais para estancar vazamentos e aumentar a disponibilidade hídrica no litoral gaúcho.
A inteligência operacional do sistema recebe impulso adicional com a adoção do programa Infra Inteligente, pelo qual a Aegea integra sensores de pressão, telemetria e modelos digitais de rede (digital twins) para simular cenários de demanda, prever rompimentos e otimizar rotas de manutenção. A mesma plataforma que em Teresina permitiu reduzir as perdas de 64,8% para 31% em sete anos e projeta chegar a 25% até 2027 agora será aplicada à nova malha de Imbé, orientando intervenções cirúrgicas e priorizando trechos críticos antes que vazamentos invisíveis degradem o asfalto ou contaminem o lençol freático. O resultado esperado é um ciclo de operação mais enxuto, com economia de energia nos recalques, menor volume de água não faturada e maior confiabilidade para o usuário final, que passa a consultar interrupções do abastecimento via aplicativo oficial da companhia.
Os reflexos sociais aparecem na ponta. A companhia estima retirar 1,7 milhão de litros de efluentes por mês do ambiente natural somente com a nova rede de Imbé, volume equivalente a 20 piscinas olímpicas que deixarão de infiltrar-se em córregos e praias. Além disso, obras e operações sustentam cadeias de suprimento locais, gerando emprego e renda; informação institucional da Aegea indica que cada R$ 1 milhão investido em obras de esgoto sanitário gera 30 empregos diretos e 20 indiretos, dinâmica já observada nas parcerias firmadas com prefeituras do Litoral Norte.
Com planejamento de longo prazo, tecnologia de ponta e robustez financeira, estamos transformando gargalos históricos em motores de desenvolvimento sustentável. Universalizar o saneamento no Litoral Norte não é apenas cumprir a lei; é garantir saúde, preservação dos nossos balneários e prosperidade para quem vive do turismo e da pesca. A jornada avança a passos firmes, e cada ligação concluída reforça a convicção de que investimento responsável, inovação e parceria público-privada são o caminho mais curto — e seguro — até a água limpa que desejamos ver correr de volta às nossas lagoas e ao mar.