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A força colaborativa das associações

Por entre os vales e colinas da Serra Gaúcha, cada município carrega peculiaridades que o tornam único e, ao mesmo tempo, desafios comuns que pedem soluções conjuntas. A evolução das políticas públicas confirmou algo que já sabíamos: nenhum gestor supera sozinho as limitações de receita, escala ou captação de investimentos que marcam a administração local. O associativismo municipalista nasce justamente dessa constatação e se consolida como instrumento de cooperação que amplia vozes, compartilha competências e sustenta projetos regionais capazes de gerar impacto coletivo sem diluir identidades. Nesse contexto, a Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (AMESNE) congrega 37 prefeituras, garantindo que demandas de saúde, infraestrutura, educação e desenvolvimento econômico cheguem a Brasília e a Porto Alegre de forma unificada e respaldada por dados concretos.

Assumi a presidência da entidade em 9 de abril de 2025 com o propósito de reforçar essa articulação cooperativa. A eleição, realizada na Casa das Artes, evidenciou que a confiança entre os prefeitos está no compromisso de trabalhar por agendas que extrapolam divisas municipais. Desde então, nosso foco tem sido acelerar a troca de conhecimento técnico e aproximar a entidade de instâncias federais de controle e financiamento, aprofundando a cultura de “planejar junto para executar melhor”.

Menos de um mês após assumir, em 9 de maio, prefeitos da AMESNE apresentaram ao Tribunal de Contas da União estudos comparativos de reconstrução pós-enchentes e relatórios de transparência que fortaleceram seus pleitos; em 21 de maio, secretários de Educação alinharam protocolos conjuntos para otimizar compras de material didático, hoje base dos editais de soluções pedagógicas; e em 27 de junho, Garibaldi sediou seminário sobre reforma tributária onde representantes dos 37 municípios, apoiados por análises técnicas elaboradas em rede, formularam propostas consensuais encaminhadas à Confederação Nacional de Municípios, consolidando a entidade como ponte entre instâncias locais e nacionais.

A força colaborativa das associações municipalistas reside também na capacidade de articular posições qualificadas em temas estruturais. Quando a AMESNE se manifesta sobre mudanças regulatórias, baseia-se em levantamentos que englobam perfis socioeconômicos diversos, conferindo densidade técnica aos posicionamentos e evitando que pautas regionais pareçam reivindicações isoladas.

Cooperação não se limita a momentos de crise ou deliberação política; ela está na rotina administrativa. Ferramentas eletrônicas de compras compartilhadas, bancos de preços unificados e sistemas de contabilidade padronizados garantem controle interno mais eficiente e induzem comportamento fiscal responsável. Grupos de trabalho para logística reversa, mobilidade urbana e inovação digital criam um ciclo virtuoso: boas práticas testadas em um município são replicadas em outro com velocidade, economizando recursos públicos e tempo de implementação.

O futuro do municipalismo passa por ampliar essa malha colaborativa. Projetos regionais de saneamento, consórcios para aquisição de equipamentos hospitalares e plataformas de dados abertos integradas já despontam no horizonte e dependerão da confiança entre administrações vizinhas.

Concluo reafirmando minha convicção de que as associações de municípios não competem com a autonomia local, mas a potencializam. Quanto mais compartilhamos problemas e soluções, mais se robustece a identidade de cada cidade, sustentada por apoio regional que poupa esforços solitários e evita desperdícios. A AMESNE segue empenhada em manter esse elo dinâmico entre municípios, instituições de controle, academia e iniciativa privada, porque sabe que cooperação não é retórica: é método de gestão pública eficaz, comprovado dia após dia nas estradas, salas de aula e unidades de saúde de toda a Serra Gaúcha.

Sergio Chesini
Sergio Chesini
Prefeito de Garibaldi

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