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Clóvis Provensi Roman, prefeito de Arvorezinha

Para começar, fale um pouco sobre Arvorezinha: qual a distância até a Capital, quantos habitantes e qual é a base econômica do município?

Arvorezinha está a cerca de 200 quilômetros de Porto Alegre, a uma altitude de 770 metros. Fica na Serra Gaúcha. Conta com aproximadamente 10.400 habitantes. A economia é essencialmente agrícola-familiar, com destaque para a produção de erva-mate, além de fumo, milho e reflorestamento. Também investimos em turismo: somos parte da “Rota da Erva-Mate”, temos belas cascatas, natureza preservada e o evento “Natal no Morro”.

Prefeito, qual a proporção entre a área rural e urbana de Arvorezinha?

A área rural de Arvorezinha é bastante extensa, com mais de 20 comunidades que realizam suas próprias festas. Desde o fim da pandemia, a participação nessas celebrações e bailes cresceu bastante.

Como o setor agrícola pode contribuir para o desenvolvimento de Arvorezinha?

Estamos incentivando a agricultura por meio de melhorias nas estradas rurais, para facilitar o escoamento da produção. Oferecemos calagem, horas-máquina e, a partir de janeiro, iniciaremos o programa Porteira Aberta: cada propriedade terá direito a um número de horas-máquina conforme sua produção. Claro, levando em conta quem efetivamente emite nota e contribui. Assim, queremos fortalecer a produção local, o emprego e a renda no meio rural.

Considerando a produção de erva-mate em Arvorezinha, como está a infraestrutura de acessos e qual o impacto disso para o setor agrícola?

A produção de erva-mate em Arvorezinha é expressiva, por exemplo, o município registrou cerca de 36.440 toneladas/ano entre 2020-2022. Para cada quilo de produto final (embalado ou exportado) são necessários cerca de três quilos de folha verde, o que significa que milhões de quilos são transportados mensalmente do interior até a indústria. Assim, se não tivermos boas estradas e acessos, a cadeia produtiva fica seriamente comprometida. Por isso, estamos realizando mapeamento aéreo por drone para identificar a área plantada e garantir que Arvorezinha realmente atue como um dos principais polos da erva-mate no RS. O município de Arvorezinha está participando da Operação Terra Forte.

Que ações foram desenvolvidas na área rural por meio desse programa?

Realizamos uma reunião junto à Emater/RS-Ascar com mais de 30 conselheiros agrícolas para explicar o programa. Arvorezinha foi contemplada para atender até 55 famílias, até então já tínhamos nove inscritas. O programa prevê que cada agricultor participará de um plano individual de ações integradas (PIAI), documentado, e receberá apoio financeiro e técnico para modernizar a propriedade. Estamos convocando os demais produtores para preencher todas as vagas.

Como a administração está enfrentando o grande desafio de manter jovens e famílias no meio rural, especialmente com infraestrutura como acesso à internet?

Estamos incentivando a permanência no campo por meio de programas como o Operação Terra Forte, apoio às agroindústrias para que o produtor venda direto de sua propriedade, além de turismos rurais. Ainda avançamos muito em conectividade: hoje praticamente todo o município de Arvorezinha já dispõe de internet, inclusive nas áreas rurais. Isso permite ao jovem rural trabalhar, estudar e empreender sem precisar sair.

Qual a previsão para entrega da nova UBS na cidade?

A obra já está em andamento. Será a quinta UBS do município de Arvorezinha e está prevista para entrega em maio de 2026. O recurso vem integralmente do governo federal, sem contrapartida municipal, pois qualquer prioridade só avança se for solicitada.

Falando em saúde, o município adquiriu novos equipamentos para essa área?

Conseguimos cerca de R$ 206 mil em equipamentos via PAC e, no total de emendas para a saúde neste ano, estamos alcançando aproximadamente R$ 2,618 milhões. Esse resultado é fruto das nossas visitas a Brasília, do apoio de vereadores e lideranças de todos os partidos. O município de Arvorezinha nunca recebeu tantos recursos dos governos estadual e federal, algo que valorizamos muito. Mesmo assim, como a saúde já consome cerca de 23% do orçamento municipal, precisamos gerir bem esses recursos para atender o máximo possível da população.

Como está o projeto da nova APAE de Arvorezinha: quando ele sairá do papel?

Temos o projeto pronto e estamos em busca de recursos. Trabalhamos junto ao presidente da APAE e voluntários para viabilizar essa obra. A nova unidade permitirá atender não só as crianças especiais de Arvorezinha, mas também de municípios vizinhos que ainda não têm essa oportunidade.

Como está o andamento da obra da ponte entre Arvorezinha e Guaporé?

A ponte sobre o Rio Guaporé está em construção, com entrega prevista para maio de 2026. Iniciamos com recursos de R$ 6 milhões da Defesa Civil Federal, mas precisávamos de cerca de R$ 8,1 milhões, e conseguimos complementar cerca de R$ 2,1 milhões para viabilizar a obra. Essa obra vai restabelecer o acesso entre os municípios de Arvorezinha e Guaporé e é estruturada para durar muito tempo, com 120 metros de comprimento, 22 metros de altura e 6 metros de largura.

O senhor inaugurou, recentemente, duas obras no interior do município. Quais serão os benefícios para a comunidade?

Foram liberados R$ 100 mil para pavimentação em frente ao ginásio da comunidade de Pinhal Queimado e mais R$ 100 mil para pavimentar até a ERS-332 e ampliar seu ginásio. Estamos investindo nas áreas de lazer das comunidades rurais para que congreguem não só seus moradores, mas também os das localidades vizinhas. Já temos emendas para contemplar mais cinco comunidades com ginásios ou salões.

Como a prefeitura tem agilizado a vinda de empresas para Arvorezinha, tornando o local mais atrativo para novos investimentos?

Recebemos o interesse de várias empresas para se instalar em Arvorezinha. O principal desafio hoje é a falta de mão de obra qualificada, comum em muitos municípios do RS. Para viabilizar a atração de empresas, estamos atuando em três frentes: qualificar a mão de obra; construir uma nova creche para atendimento dos filhos de trabalhadores; e viabilizar moradias, o governo federal assinou 20 casas para este ano e mais 20 para o próximo. Até 2027 queremos entregar 100 terrenos para financiamento via “Minha Casa Minha Vida”. Assim, em vez de pagar aluguel, as famílias poderão ter moradia fixa, o que prepara o município para receber novas empresas, mas antes precisamos estruturar educação, saúde e habitação.

Como Arvorezinha está enfrentando o desafio de levar as crianças, especialmente das áreas rurais, para as escolas?

No município temos duas creches e duas escolas municipais. A partir do próximo ano vamos implantar o modelo cívico-militar na Escola Municipal de Ensino Fundamental Orestes de Britto Scheffer. Já estamos trabalhando na recuperação do prédio antigo, que sofreu um incêndio há dois anos, e pretendemos entregar oito novas salas de aula até março de 2026. Quando assumimos, Arvorezinha estava praticamente em penúltimo lugar no Estado em indicadores da educação; estamos promovendo uma gestão focada: treinamento de diretores, professores e equipes escolares, e mobilizando os pais, a última reunião lotou o auditório da prefeitura. A comunidade está engajada, porque entende que educação é o futuro das crianças e a qualidade de vida de todos.

Qual a abordagem adotada pela administração de Arvorezinha para reforçar a segurança na cidade?

Em Arvorezinha estamos instalando câmeras de videomonitoramento por meio da Associação Comercial e Industrial de Arvorezinha para ampliar a segurança urbana. Nas escolas já contamos com vigilância por câmeras; o transporte escolar tem rastreamento completo da frota. Ao chegar na escola, o aluno entra por portão monitorado, com vigias e rodízio de funcionários no intervalo para garantir que a criança permaneça no local e só saia com autorização dos pais.

Como o apoio do governo estadual, por meio do Eduardo Leite, tem beneficiado Arvorezinha e de que forma a proximidade com o governador pode influenciar na atração de recursos para o município?

Temos uma boa relação com todos os partidos, então o início da campanha não afeta nosso trabalho. O governo do Estado tem nos apoiados muito, com máquinas, restauração de estradas e pavimentações. Nunca recebemos tanta ajuda do governo estadual como agora. Após a eleição, todos continuarão trabalhando pelo crescimento do Rio Grande do Sul e de seus municípios.

Como o clima de altitude e frio de Arvorezinha favorecem o turismo e que projetos estão em andamento para desenvolver esse setor?

A altitude de cerca de 700 metros em Arvorezinha favorece o cultivo da erva-mate e gera um clima de serra, com geadas e noites frias, o que reforça nosso apelo turístico. Dentre os projetos, estamos ampliando a rede hoteleira, apoiando novos empreendimentos gastronômicos, restaurando moinhos históricos e criando roteiros como o “Caminho dos Moinhos” e o “Museu do Pão”, para integrar cultura, natureza e turismo no Vale do Taquari.

Quais são as suas considerações finais?

Hoje temos sete secretarias e pretendemos criar mais três: Esporte, Turismo, Planejamento e Desenvolvimento, queremos trocar o nome de Assistência Social para Desenvolvimento Social. Também instalamos diversas assessorias, jurídica, tributária, contábil, comunicação, para amparar os secretários, muitos deles novos na administração pública, tarefa que pode levar de dois a três anos para maturar. Desde que assumimos, não usamos como desculpa máquinas quebradas ou dívida: assumimos uma gestão com foco em economia e resultados. Em pesquisa recente, nosso índice de avaliação “ruim/péssimo” foi apenas 2,6%, “regular” 11% e “bom/ ótimo” 86,1%. A comunidade está vendo nosso trabalho dedicado.

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