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Marcelo Maranata, coração valente

Quando Marcelo Maranata ascendeu ao cargo de prefeito de Guaíba, uma espécie de otimismo quase ufanista tomou conta da comunidade, e parece mesmo, que todos ascenderam com ele.

A Guaíba, que parecia mais uma casa velha e abandonada do que uma cidade propriamente dita, se tornou, paulatinamente, a queridinha da Grande Porto Alegre, e quase que num movimento sincronizado, empresas e indústrias foram se transferindo para lá, levando dinheiro, empregos e esperança.

Por trás desse fenômeno estava um homem e sua mulher: Marcelo Maranata e Deise Maranta, o prefeito e sua primeira-dama, indefectível aos olhos do marido apaixonado.

Porém, como num romance shakespeariano, em meio a essa lua de mel do poder público com a comunidade, a cidade é atingida por uma catástrofe monumental e milhares de vidas padecem sob as águas impiedosas de um maio inesquecível, no mal sentido, a todos os gaúchos.

Pois foi nessa hora mais sombria, que o coração valente de Maranata aflorou com toda sua força e através de uma postura que transcendeu a figura de prefeito, atingiu a nobreza de um ser humano digno de ser chamado Filho de Deus.

Pondo sua própria vida em risco, ele foi o primeiro a chegar aos lugares mais distantes e atingidos, ficando dias praticamente sem dormir, indo muito além dos limites de sua responsabilidade e competência. Foi o herói inesperado de outras cidades, como no caso de Eldorado do Sul, onde pessoalmente articulou uma força tarefa de salvamento e mobilizou a região a amparar a cidade mais atingida pelas chuvas.

Embora não fosse essa a pretensão, colheu os frutos de tais ações nas urnas e, em uma cidade historicamente polarizada politicamente, foi reeleito com quase 80% dos votos.

Quais são os principais avanços e entregas da atual gestão municipal de Guaíba nas áreas de educação, saúde, infraestrutura e assistência social?

Temos orgulho de afirmar que Guaíba vive um ciclo de transformações concretas, com políticas públicas voltadas à dignidade, ao cuidado com as pessoas e à melhoria real da qualidade de vida. Na educação, garantimos que todos os alunos da rede municipal recebessem uniforme completo, incluindo tênis e kit escolar, além de criar o programa Férias Sem Fome, que assegura segurança alimentar às crianças durante o recesso de verão. Atualmente, mais de oito mil alunos participam de atividades pedagógicas no contraturno escolar — um avanço expressivo na formação integral dessas crianças.

Na infraestrutura, a cidade passou por uma verdadeira reestruturação. Por meio da Usina de Asfaltos, mais de 200 ruas foram pavimentadas, alcançando praticamente todos os bairros. Paralelamente, aceleramos as obras de prevenção a enchentes, promovendo mais segurança e qualidade de vida. A mobilidade urbana foi ampliada e, ao mesmo tempo, cuidamos das famílias em situação de vulnerabilidade: inauguramos o primeiro Restaurante Popular da história do município, oferecendo gratuitamente cerca de 25 mil refeições por ano.

No campo do desenvolvimento econômico, demos um passo ousado com o início das obras do complexo AeroCITI/Aeromot, uma iniciativa que recoloca o Rio Grande do Sul no protagonismo da indústria aeronáutica. Esse é um projeto estruturante que fortalece a economia local, gera empregos e atrai investimentos para a região.

E no setor da saúde, quais foram as principais iniciativas da gestão, tanto na estrutura quanto na valorização dos servidores?

A saúde tem recebido atenção especial, sempre com investimentos acima do que a lei exige. Expandimos as Unidades de Saúde nos bairros, inauguramos o bloco cirúrgico e a UTI para cirurgias eletivas, e estamos finalizando o Centro de Especialidades Médicas (CEMED), que reunirá serviços como fisioterapia, odontologia, policlínica especializada, tisiologia, atendimento do SAMU, transporte sanitário e o Centro Integrado Amanhecer Paula Schuch.

Outras ações incluem a implantação da regulação do serviço de urologia, concessão hospitalar com aumento da carga horária médica, farmácia aberta aos sábados e a aquisição de novos veículos: duas ambulâncias, uma van, cinco carros utilitários e um ônibus. Também avançamos com a ESF Ermo, retomamos e demos andamento às obras do novo Centro de Especialidades na antiga UPA (paralisadas desde 2014), eliminamos a fila para vasectomias e implantamos a PrEP no SAE, além de ambulatórios especializados em cardiologia e traumato-ortopedia.

Ampliamos o transporte de pacientes para consultas e internações, intensificamos a educação permanente para os profissionais da saúde e aumentamos a realização de exames laboratoriais. Reativamos exames como colposcopia e restabelecemos equipamentos de fonoaudiologia para audiometria, impedanciometria e logoaudiometria. Promovemos grupos de cuidado e implantamos o protocolo da sífilis. Na Cohab, o atendimento foi estendido até as 22h com o programa Melhor em Casa. Também entregamos novas casas para os CAPS IJ e AD, inauguramos a ESF Moradas da Colina, o consultório de oftalmologia, o bloco cirúrgico e a nova ala psiquiátrica do hospital.

Em relação aos servidores, realizamos uma reforma administrativa que criou cargos com gratificações para técnicos de enfermagem do transporte e SAMU, técnicos em radiologia e gerentes de serviço. Regularizamos licenças-prêmio e férias represadas desde 2014, e implementamos benefícios como risco de vida e adicional por difícil acesso para profissionais que atuam no presídio.

Além disso, logo nos 100 primeiros dias da segunda gestão, entregamos a Casa Solidária, obras de macrodrenagem, o ginásio poliesportivo, mais asfaltamento, a ampliação da Escola Santa Rita, a intensificação da limpeza das tubulações, a distribuição de novos tênis escolares, o programa habitacional “Agora é Meu” – Soldado Mário Luiz e lançamos a biografia do “Bagezão”, um resgate simbólico da nossa história local.

Por fim, aderimos ao Comitê Urban95, e Guaíba passou a ser reconhecida como uma Cidade Amiga da Criança. Isso significa atuar com foco nos bebês, nas crianças pequenas e nos cuidadores, com ações intersetoriais que requalificam os espaços públicos, melhoram os serviços e tornam a gestão mais sensível, baseada em dados e proximidade com quem mais precisa.

O governo do Estado oficializou a doação da área e a liberação da licença ambiental para a implantação do maior complexo industrial-aeronáutico do Rio Grande do Sul. Qual a previsão de entrega deste empreendimento?

Essa foi uma enorme conquista de nossa comunidade que irá fomentar de forma singular nossa economia, uma vez que com um investimento estimado em R$ 3 bilhões, o projeto visa gerar cerca de 1.500 empregos ao longo de suas fases.

O AeroCITI, projeto liderado pela Aeromot S.A., está programado para iniciar suas obras no segundo semestre de 2025, conforme autorizado pela licença de instalação concedida pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). A expectativa é que o complexo entre em operação entre o final de 2025 e o primeiro semestre de 2026.

O empreendimento será desenvolvido de forma gradual, tendo como projeto âncora a fábrica de aeronaves Diamond Aircraft DA62. O AeroCITI foi concebido com base no conceito de Aerotrópole Sustentável, incluindo infraestrutura aeroportuária com pista de 1.800 metros, fábrica de aeronaves, hub de inovação, núcleo de combustível sustentável, além de centros de logística, manutenção, formação e abastecimento.

Todo este cenário coloca Guaíba na mira de diversas indústrias, uma vez que fica constatado a parceria do poder público que participou ativamente de todas as fases, isso desperta uma credibilidade muito grande nos possíveis investidores: eles sabem que aqui encontrarão suporte e segurança política para se estabelecerem.

Como está o projeto de construção de um porto e um estaleiro em Guaíba?

O projeto está em fase inicial de articulação e negociação com o setor privado. Trata-se de uma proposta estratégica para o desenvolvimento logístico e industrial de Guaíba, que integra o planejamento municipal de atração de grandes empreendimentos. A expectativa é que, à medida que os estudos técnicos e ambientais avancem, o município possa consolidar esses investimentos como parte de um novo ciclo de crescimento econômico.

Como surgiu a ideia de fazer a “Viagem da Gratidão”, onde o senhor foi de Guaíba até Joinville de bicicleta?

A “Viagem da Gratidão” nasceu do desejo de expressar, de forma simbólica e pessoal, o profundo agradecimento de Guaíba à cidade de Joinville e ao estado de Santa Catarina pelo apoio prestado durante as enchentes que atingiram nosso município em maio de 2024. Joinville foi fundamental na recuperação de Guaíba, enviando uma equipe multidisciplinar composta por 18 profissionais, acompanhada por uma frota de cinco caminhões-caçamba, duas retroescavadeiras, um caminhão-tanque dos Bombeiros Voluntários, além de carretas e outros veículos. Durante semanas, a equipe concentrou esforços na limpeza de ruas e remoção de entulhos nos bairros mais afetados. Além disso, a prefeitura de Joinville doou materiais escolares, mesas, cadeiras e livros às escolas de Guaíba, contribuindo para a retomada das aulas nas áreas impactadas. ​

Foi uma jornada de mais de 700 quilômetros que fizemos de bicicleta, saindo de Guaíba no dia 03 de janeiro e chegando a Joinville no dia 08. Passamos por várias cidades no caminho, levando nosso agradecimento em nome da população de Guaíba. Foi uma forma simbólica, mas muito sincera, de reconhecer a solidariedade que recebemos num dos momentos mais difíceis da nossa história.

Além de promover o espírito de gratidão, também buscamos fortalecer os laços entre os municípios por meio da criação da “Rota da Gratidão”, marcada pela instalação de selos em pontos específicos do trajeto.

Que lição o senhor tirou de todo esse cenário desafiador que foram as catástrofes naturais de maio?

Importante salientar, que nesse momento de extremas dificuldades, ninguém questionou se quem iria receber as doações era de direita ou esquerda, ou se era do Lula ou Bolsonaro, bem como aqueles que receberam também não questionaram se quem estava doando era de um lado ou de outro. Pessoalmente foi uma lição que me marcou muito, e que foi ao encontro do que sempre acreditei: a boa política é feita por pessoas e não por partidos ou ideologias teóricas que, de certa forma, só tendem a limitar as possibilidades.

Como está a questão do posto aduaneiro em Guaíba e qual o objetivo desta medida?

O posto aduaneiro é uma demanda estratégica que estamos avançando. A proposta busca ampliar o protagonismo logístico de Guaíba, especialmente diante dos investimentos industriais e da retomada econômica regional. Ter um ponto de controle aduaneiro no município significa facilitar operações de importação e exportação, reduzir custos logísticos para as empresas e atrair novos empreendimentos que precisam dessa infraestrutura para operar com mais eficiência. Estamos tratando diretamente com os órgãos federais responsáveis, e seguimos confiantes de que Guaíba será contemplada, em breve, com essa estrutura tão importante para o desenvolvimento econômico local e da Região Metropolitana.

Quais são as principais propostas que a Granpal tem apresentado para enfrentar os desafios da Região Metropolitana?

Eu me considero relativamente preparado para abordar tais temas, uma vez que fui presidente da Granpal e sigo presidente do Consórcio Metropolitano, portanto participei ativamente da construção das prioridades da região pós-enchentes.

A Granpal tem se consolidado como uma voz firme dos municípios da Região Metropolitana, e nossas demandas refletem justamente as urgências reais da população. Temos trabalhado pela padronização da educação nos primeiros anos escolares, buscando um calendário unificado, materiais didáticos e uniformes iguais em todas as cidades da região — porque entendemos que equidade começa na sala de aula.

Também estamos focados em fortalecer a Defesa Civil, especialmente no que diz respeito à prevenção de catástrofes climáticas, algo que infelizmente se tornou uma realidade cada vez mais frequente. Na saúde, atuamos com propostas concretas junto ao governo estadual para aliviar a sobrecarga dos municípios, que hoje seguram praticamente sozinhos a ponta do atendimento.

Além disso, defendemos o estímulo à inovação nas prefeituras, incentivando soluções criativas e eficientes em todas as áreas da gestão. E claro, segurança pública segue como prioridade: queremos garantir licitações conjuntas que permitam equipar nossas guardas e polícias com viaturas, tecnologia e armamentos adequados. Todo esse trabalho tem um único objetivo: tornar nossas cidades mais preparadas, resilientes e humanas.

Quais são as propostas da Granpal para sanar a crise da saúde na Região Metropolitana?

A Granpal tem atuado com firmeza e senso de urgência para enfrentar o colapso que se instalou na saúde pública da Região Metropolitana, especialmente após as enchentes históricas de 2024. O que propomos são medidas estruturais que podem de fato transformar o cenário atual.

Entre as principais propostas, está a recomposição do Teto MAC junto ao governo federal, que é essencial para garantir o financiamento da média e alta complexidade. Também defendemos a criação de um incentivo estadual específico para hospitais municipais, algo que já acontece com os estaduais, e que faria enorme diferença para o equilíbrio da rede.

Outra medida fundamental é o modelo de repasse per capita, transparente e justo, para que os recursos cheguem aonde a população está. Propusemos ainda uma tabela complementar ao SUS, como já existe em estados como São Paulo e Santa Catarina, para aliviar o subfinanciamento crônico dos serviços hospitalares.

Além disso, sugerimos a Operação Inverno RS, que permitiria ampliar leitos, reforçar equipes e garantir atendimento mais ágil nas portas de emergência durante os meses mais críticos. Também queremos uma Câmara de Compensação, que permita ressarcir os municípios que acabam atendendo demandas de fora de suas referências.

São propostas concretas, factíveis e construídas coletivamente com os gestores da saúde da região. O que pedimos é que os entes estaduais e federais venham conosco nessa caminhada — porque os municípios, sozinhos, já chegaram ao limite.

Como está o debate sobre a integração das Secretarias de Segurança da Região Metropolitana e o cercamento eletrônico nas respectivas cidades?

A integração das Secretarias Municipais de Segurança e a implantação de um sistema regional de cercamento eletrônico fazem parte de um planejamento estratégico que vem sendo conduzido com o apoio técnico de especialistas e com o alinhamento entre os prefeitos da Região Metropolitana.

Hoje, podemos dizer que há uma convergência clara em torno da importância de integrar informações, ampliar o monitoramento urbano e estabelecer protocolos únicos de atuação. Já foram realizadas reuniões com representantes das guardas municipais, das secretarias e da área de tecnologia, inclusive com referência em modelos bem-sucedidos, como o da CIOSP no Ceará, que integra forças de segurança em tempo real.

A proposta envolve a criação de uma central compartilhada de dados e imagens, respeitando as especificidades de cada cidade, mas com capacidade de resposta regional. Esse sistema permitirá rastreamento de veículos, identificação de suspeitos e resposta rápida em ocorrências intermunicipais, o que fortalece toda a estrutura de segurança pública.

Neste momento, estamos finalizando ajustes operacionais e jurídicos para viabilizar os convênios entre os municípios e o Estado. A ideia é que o cercamento eletrônico metropolitano seja um dos grandes marcos dessa nova fase da segurança integrada na região. Está tudo muito bem encaminhado — agora é uma questão de ajustar os últimos detalhes e bater o martelo.

Que tipo de investimento o transporte público da Região Metropolitana precisa receber?

A melhoria do transporte público na Região Metropolitana passa, antes de tudo, por planejamento e investimentos coordenados. É por isso que estamos participando ativamente do Estudo Nacional de Mobilidade Urbana, conduzido pelo BNDES em parceria com o Ministério das Cidades. Esse estudo, que já está em andamento, é uma oportunidade única de estruturar projetos sólidos, com base em dados técnicos, e garantir a inclusão da nossa região nas futuras carteiras de investimentos do Novo PAC e de parcerias público-privadas.

Do ponto de vista prático, estamos estruturando investimentos voltados à ampliação de corredores de transporte de média e alta capacidade, como BRTs e sistemas integrados, à modernização da frota, à qualificação da infraestrutura de terminais e paradas, e à adoção de tecnologias que melhorem a experiência do usuário — como bilhetagem eletrônica unificada e monitoramento em tempo real.

Mas nada disso avança sem articulação institucional. Por isso, temos reforçado o diálogo com o governo do Estado e com a União, destacando que são os municípios que vivem a ponta do problema — é aqui que as pessoas pegam o ônibus, enfrentam filas, lidam com a demora.

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