Já diz o ditado que mar calmo não faz bom marinheiro. Com certeza, nem em seus melhores e piores sonhos aquele vereador de Pelotas imaginava que chegaria tão longe e com custos tão altos. Nas águas turvas e agitadas da atual política, Eduardo Leite venceu a esquerda, a extrema-direita, se manteve à frente nas urnas e na liderança de seu povo, durante a pandemia e as calamidades de maio de 2024, que fizeram os gaúchos sofrerem e superarem juntos. Embora alguns percalços, conseguiu sair mais forte do que estava nas duas tragédias e agora volta seus olhos ao Planalto Central, quando seu nome, novamente, começa a aparecer como possível candidato à Presidência da República. Leva consigo a esperança de uma maioria silenciosa já exaurida de debates inócuos em questões estapafúrdias, que tem levado a nação do nada a lugar algum.
Sua postura consensual e firme aliada à forma técnica e rápida de reagir às crises tem servido como um projetor de uma imagem cada vez mais nítida ao restante do país.
A Revista Em Evidência traz até você, leitor, a versão 2025 de um homem que está sempre se renovando e que até agora, tem acertado em cheio em suas escolhas.
Com vocês, Eduardo Leite, o único governador reeleito na história do Rio Grande do Sul
Qual foi o saldo da missão oficial no Japão e China?
Foi um marco para o Estado. O Rio Grande do Sul não é uma ilha, e é importante a nossa presença no exterior para integrarmos o Estado à economia mundial. A missão na Ásia ampliou o diálogo com grandes empresas, governos e instituições. Os resultados foram parcerias encaminhadas, aprendizados valiosos e perspectivas de investimentos que farão o Rio Grande do Sul mais competitivo, sustentável e conectado ao mundo. Na China, apresentamos nossas potencialidades e trouxemos aprendizados sobre infraestrutura. No Japão, aprendemos com uma sociedade milenar que une inovação e tradição para encarar desafios climáticos, algo que também estamos enfrentando aqui. Também tratamos sobre transição energética com planejamento e tecnologia, e o governo japonês já anunciou a aprovação de um projeto estratégico para a formulação de um masterplan para a produção e o consumo de hidrogênio verde no RS. A meta é inserir o Rio Grande do Sul no mapa dos investimentos em hidrogênio verde no mundo.
Que hospitais serão beneficiados pelo repasse de cerca de R$ 2,7 milhões do Avançar Mais Saúde?
Saúde é uma de nossas prioridades, e não poderia ser diferente. Em novembro, assinamos convênios e portarias para o investimento de R$ 2,7 milhões do Avançar Mais Saúde em hospitais de São José do Norte, Três Passos, Seberi, Vacaria, Jaboticaba e Caçapava do Sul. Esses recursos são para compra e instalação de equipamentos. O Avançar na Saúde é o maior programa de investimentos dos últimos 20 anos nesta área no Rio Grande do Sul. Destinamos R$ 952,1 milhões entre 2021 e 2024 para a qualificação da infraestrutura hospitalar e ampliação do acesso à saúde em todas as regiões.
Que projetos o governo do Estado possui para minimizar os impactos das mudanças climáticas?
Constituímos um comitê científico para articular uma visão integrada das ações. Estamos reconstruindo com uma visão de futuro e de resiliência climática, com infraestrutura adaptada e estímulo ao desenvolvimento econômico sustentável. Estamos contratando a revisão dos sistemas de proteção de cheias existentes e buscando viabilizar aqueles que precisam ser construídos. Além de proteger nossas cidades, trabalhamos para constituir uma infraestrutura robusta capaz de suprir as necessidades das comunidades diante de novos episódios adversos. Temos ainda o ProClima 2050, como espinha dorsal da estratégia do Estado para reduzir o impacto das mudanças climáticas, incluindo transição energética justa, redução de emissões de gases de efeito estufa, resiliência climática e educação ambiental. A transição energética diz muito sobre o futuro e é um ponto que permeia toda a nossa estratégia de desenvolvimento.
Quais os principais pontos do Plano Rio Grande?
O Plano Rio Grande é a nossa bússola para a reconstrução e vai muito além de uma resposta à calamidade. O objetivo é reparar os danos causados pelos eventos climáticos extremos, mas também preparar o Estado para enfrentar crises futuras com maior resiliência e mitigar danos. Ele é um guia estratégico com ações focadas em reconstrução, resiliência climática e desenvolvimento sustentável, incluindo o que chamamos de Rio Grande do Futuro. Nosso objetivo é reconstruir um Rio Grande ainda mais forte e fazer do nosso Estado o melhor lugar para se viver.
Qual o objetivo do programa Partiu Futuro Reconstrução?
Esse é um programa especial de contratação de jovens aprendizes, com oportunidades para 1.500 jovens em situação de vulnerabilidade e que foram afetados pelas enchentes. A legislação da aprendizagem existe há 23 anos no Brasil, mas esta é a primeira vez que o Rio Grande do Sul encaminha uma contratação desse tipo na administração pública. Investimos mais de R$ 53 milhões com o objetivo de oferecer formação e garantir a inserção dos jovens afetados pela calamidade no mercado de trabalho, propiciando uma experiência que poderá gerar melhores oportunidades para eles e suas famílias.
Como funciona o programa Professor do Amanhã e qual o seu objetivo?
Na educação, o propósito do nosso governo é assegurar o futuro do aluno, do professor e da sociedade. O programa Professor do Amanhã está inserido neste contexto. É uma iniciativa inédita no Brasil que tem como objetivo formar docentes em cursos superiores de licenciatura para atuarem em áreas estratégicas para o fortalecimento da educação básica do RS, especialmente com base tecnológica, científica e de inovação. São concedidas bolsas mensais de permanência de R$ 800 aos alunos, além de outros R$ 800 para a instituição comunitária como forma de custeio da vaga, durante quatro anos. Em novembro, lançamos um novo edital com mais 500 bolsas e o investimento previsto até 2026 é de R$ 38,4 milhões.
Que são as novidades da Semana da Inovação?
A grande novidade é o investimento histórico em inovação, ciência e tecnologia. Anunciamos cerca de R$ 360 milhões para 2025, o maior montante já alocado para a área e um valor cinco vezes maior que o orçamento médio anual na última década. Esse investimento está conectado ao Plano de Desenvolvimento Econômico, Inclusivo e Sustentável do Estado, que lançamos recentemente. Com isso, reafirmamos que o nosso governo não apenas respeita a ciência, mas investe e aposta nela como caminho para o desenvolvimento.
Qual o objetivo do leilão de 100 imóveis públicos oriundos do acervo patrimonial do Estado, que acontecerá este ano?
A venda desses imóveis faz parte da Estratégia Integrada de Habitação, que lançamos em setembro. As receitas provenientes da venda de imóveis do Estado poderão ser repassadas ao Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) para financiar habitações de interesse social. O objetivo é beneficiar, principalmente, pessoas que perderam seus lares em decorrência de enchentes.
O que é necessário para empresas em recuperação judicial e cooperativas em liquidação aderirem ao programa de parcelamento de dívidas?
O programa Em Recuperação oferece condições especiais para o parcelamento de dívidas tributárias e não tributárias, com descontos de até 95% em multas e juros e a possibilidade de parcelamento em até 180 vezes. Os débitos incluídos podem estar inscritos na dívida ativa, em fase de cobrança administrativa ou judicial. Para aderir, é necessário formalizar um pedido, apresentar garantias e comprovar a decisão judicial de recuperação ou a ata de liquidação, no caso das cooperativas.
Como está o projeto para a ligação entre o aeroporto de Vila Oliva, em Caxias, e a Região das Hortênsias?
O projeto está em fase de contratação do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental. Esse estudo vai coletar os dados e apontar as diretrizes básicas para a elaboração de um projeto.
O senhor acredita que nesse cenário polarizado seu nome pode ser um consenso entre a “maioria silenciosa” para 2026?
Entendo que o meu nome é percebido como o de alguém que defende a ideia de que é preciso viabilizar uma alternativa aos dois polos que estão dominando o debate. Defendo um centro que se posicione com firmeza sobre o que acredita e que seja um terceiro polo. Tenho disposição para ajudar a construir essa alternativa da maneira que se mostrar mais positiva para a sociedade brasileira.
Até que ponto a polarização é nociva para a nossa democracia?
A polarização em si não é um problema. Já tivemos, no passado, dois campos políticos polarizando sem que o debate acabasse no que vemos hoje. O problema está no fato de que, hoje, a intenção dos polos opostos é exterminar quem pensa diferente. Essa polarização que estamos vivenciando, sim, é extremamente nociva para o país e já mostrou que não gera resultados. Precisamos parar de atacar uns aos outros e atacar os problemas reais da sociedade, e para isso é preciso viabilizar uma alternativa.
Quais serão as suas prioridades para 2025?
A consolidação da reconstrução de um Rio Grande do Sul mais forte e resiliente é a grande prioridade para este ano. Os esforços também estarão concentrados na aceleração do desenvolvimento econômico do nosso Estado, com inclusão social e sustentabilidade. Tudo isso sem perder de vista o equilíbrio fiscal, que foi o que sustentou a capacidade de resposta aos eventos dramáticos de 2024.