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08/11/2021

POR  EDUARDO LEITE
A pandemia ensinou ao mundo que a melhor resposta para os problemas globais é a ação articulada e coletiva. Se ainda não tínhamos entendido essa necessidade básica e civilizatória, a doença apontou novamente o caminho mais lúcido para resolve dilemas em escala planetária, ainda que alguns governos, como o brasileiro, desdenhem a colaboração e insistam na ilusão do isolacionismo.

Agir de maneira coordenada é o que está por trás da participação dos governos estaduais na COP26, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que ocorre em Glasgow, na Escócia. Estamos aqui porque queremos sinalizar ao mundo o desejo de fazer nossa parte no enfrentamento de mais um problema da humanidade, demonstrar que estamos dispostos a compensar a omissão federal na agenda ambiental que preocupa o mundo.

A agenda para enfrentar as mudanças climáticas é ampla, mas é inegável que, neste momento, é fundamental um compromisso brasileiro com uma rápida e vigorosa redução do desmatamento na Amazônia. Esse hoje é o principal responsável pelo aumento das emissões de CO2 no Brasil, mesmo num período de forte retração econômica, como o ano passado. Defendo que, assim como é importante o país ter programa de metas para o controle da inflação e da pobreza, também é importante ter metas para controlar o desmatamento.

O Brasil tem uma responsabilidade e oportunidades únicas com a atual agenda climática global. A variedade e a imensidão dos ativos naturais brasileiros são de vital importância para a sustentabilidade de todo o planeta. Podemos fazer disso uma ponte para a prosperidade, atraindo muitos investimentos globais e nacionais que precisam se orientar pelas boas práticas ambientais. Para isso, precisamos ser ambientalmente responsáveis e proativos, ou a oportunidade se transformará em ameaças e retaliações econômicas internacionais.

Em terras europeias, diante dos olhares do mundo, também lançamos o Consórcio Brasil Verde, iniciativa que conta com a adesão de 22 governadores. A prioridade é que os Estados elaborem planos concretos de neutralidade de carbono, com apoio de entidades.

Entre todas as temáticas que nos desafiam, a ambiental se soma à inovação e à educação como aquelas que indicarão um novo caminho para as próximas gerações e que devem ser tratadas como prioridade absoluta.

Antes do embarque, o Rio Grande do Sul assumiu um duplo compromisso com a neutralização das emissões de carbono. Assinamos a mobilização Race to Zero, que estabelece a meta de reduzir as emissões em 50% até 2030 e de neutralizá-las até 2050, em sintonia com o que o próprio Brasil assumiu no âmbito do Acordo de Paris, e tem como objetivo mobilizar entes nacionais e subnacionais, empresas e instituições, pois estamos todos diante de um drama comum.

A passagem por Glasgow também indicou caminhos para criarmos uma governança produtiva para nossas políticas ambientais e nos aproximou de investidores capazes de apostar em projetos consistentes do Rio Grande do Sul, como a possibilidade de nosso Estado se consolidar como um polo global para a produção de hidrogênio verde, uma das matrizes energéticas mais promissoras.

Num mundo interligado e, sobretudo, interdependente, os governadores demonstraram responsabilidade, compromisso e iniciativa, atributos que se esperam de governos dedicados a trabalhar por ciclos de desenvolvimento seguro, capazes de conciliar crescimento econômico e sustentabilidade.

Em Glasgow, presenciamos uma triste contradição. De um lado, o mundo ansioso por uma resposta verde do Brasil, aguardando que se posicione como potência ambiental. De outro, nossa imagem internacional arranhada por um governo isolado e sem respostas concretas aos dilemas ambientais. O mundo deseja ver – e precisa encontrar – um Brasil que aceite de forma serena o papel que lhe cabe de maneira natural.

Governador do Rio Grande do Sul

 
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