Desde o primeiro dia da calamidade que atingiu mais de 2,3 milhões de pessoas no estado, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) mobilizou esforços de dirigentes e colaboradores para ajudar quem mais precisa, com a dedicação e o comprometimento do maior sindicato da categoria de toda a América Latina. Ações que vão ficar na história da entidade.
No início do mês de maio, foi criado na sede do Simers um verdadeiro gabinete de enfrentamento à crise, estudando e planejando ações voltadas à Saúde. E a primeira medida foi abrir as portas da sede para o recebimento de donativos, que logo passou a funcionar 24 horas por dia, atendendo a um pedido da Prefeitura de Porto Alegre. Depois, foi a vez dos medicamentos, em parceria com o Conselho Regional de Farmácia (CRF RS), separando e catalogando remédios e insumos, os quais também contribuíram para que muitos hospitais voltassem a atender a população.
Entretanto, a criação de um inédito Modelo de Atenção Primária em Situações de Calamidade, que reuniu cerca de dois mil médicos em cadastro voluntário, foi uma das maiores contribuições do Simers para fazer a diferença em meio à dor e ao sofrimento dos gaúchos. Quase três semanas de intenso trabalho do projeto Simers: S.O.S Plantões no auxílio à assistência direta à população, que chegou a 40 abrigos temporários da Capital, organizando escalas médicas e no apoio aos colegas que se voluntariaram nestes locais.
ESCALAS MÉDICA NOS ABRIGOS DE PORTO ALEGRE
O presidente do Sindicato Médico, Marcos Rovinski, explica que a iniciativa surgiu após conversa com a gestão da Capital, que apontou a necessidade de organização das escalas dos médicos que estavam atuando nos abrigos. E, após uma análise dos locais designados ao Simers, foi feito o desenho de fluxos para a otimização da assistência. Trabalho que ganhou reforço graças à disponibilização gratuita de aplicativo S.O.S. Plantões já existentes, voltado à gestão de escalas de plantões.
“Criamos uma verdadeira força tarefa para que o atendimento ocorresse de forma organizada e efetiva, com todos os processos de uma unidade de saúde, incluindo discussão de casos e rounds. Sem falar nas conversas presenciais para saber de necessidades como remédios e insumos. Além disso, tivemos o apoio das sociedades de especialidades para tirar as dúvidas dos profissionais, por meio de teleconsultoria”, conta Rovinski.
Conforme o vice-presidente do Simers, Fernando Uberti, durante os cerca de 15 dias de atuação do Simers: S.O.S. Plantões e das mais de 1.100 horas trabalhadas pelos médicos voluntários, a maior preocupação do Simers esteve centrada na efetividade da resolução dos casos, tanto adultos como pediátricos. E, assim, evitar a sobrecarga no sistema de saúde, o qual já vem sofrendo com emergências lotadas.
“Realizamos um longo e diário processo de avaliação de cenários para entender qual seria o papel do Simers e dos médicos para auxiliar a população, assim como para possibilitar um trabalho seguro e resolutivo aos colegas que se voluntariaram. Sem dúvidas, nada do que realizamos seria possível sem o apoio de civis, médicos, os funcionários do Simers, nossos diretores médicos, outras entidades e instituições, tudo para amparar quem está sofrendo nesta tragédia que assolou 90% das cidades gaúchas”, avalia Fernando Uberti.
ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
Passados os dias mais dramáticos já vivenciados no RS, o diretor de Porto Alegre do Simers, Vinícius Mello, explica que o foco da atuação da entidade agora é saber o que mudou na rotina de médicos e pacientes.a.
“O Simers quer traçar um diagnóstico sobre como estão as emergências e que impactos estão sofrendo neste contexto pós-enchente. Sabemos que a maior demanda fica a cargo da Atenção Primária, mas casos que não serão atendidos lá na ponta virão para os hospitais. Portanto, queremos criar ações construtivas, incluindo estratégias que melhorem a qualidade da assistência e o trabalho do médico, evitando, dentro do possível, que o sistema colapse”, apontou Vinícius Mello.