A vida municipal é, antes de tudo, uma política de proximidade. É na Prefeitura que o cidadão procura respostas para a estrada que precisa de manutenção, para a consulta especializada que demora, para a sala de aula que precisa de reforço. Em municípios de pequeno porte, como Ibiaçá, a responsabilidade é a mesma das grandes cidades, mas a escala de recursos e a estrutura técnica são desiguais. Por isso, a unidade entre municípios deixa de ser um slogan e se torna método de gestão: consórcios públicos para executar em conjunto, associações regionais para representar em bloco, articulação estadual para organizar prioridades. A experiência recente da região mostra que esse caminho é concreto e verificável, e que oferece resultados com segurança jurídica, custos compartilhados e transparência.
As associações municipalistas são um pilar de equalização de voz. Ibiaçá integra a Amunor, que reúne dezenove prefeituras com realidades próximas e viabiliza agendas técnicas e políticas regionais sem perder a identidade local. Reuniões ordinárias, capacitações e interlocução com secretarias estaduais formam um circuito estável de trabalho: saúde tratada com dados, metas e responsabilidades; turismo e infraestrutura discutidos com órgãos de Estado, respeitando competências e conectando projetos municipais a programas estaduais e federais. Em fevereiro deste ano, a presença de gestores estaduais em encontro da Amunor na região confirmou a utilidade desse fórum para alinhar prioridades e organizar a execução, reduzindo ruído e retrabalho administrativo.
Os consórcios públicos compõem o outro pilar dessa unidade. Eles transformam necessidades comuns em contratos e planos, garantindo acesso à tecnologia, escala de compra e equipes que, isoladamente, seriam inviáveis. Em 2025, Ibiaçá renovou adesões com previsões orçamentárias e prestação de contas em duas frentes decisivas: saúde e infraestrutura. Na saúde, a cooperação envolve regionalização, apoio à regulação, planejamento e aquisição conjunta de medicamentos, racionalizando despesas e dando previsibilidade ao atendimento. Na infraestrutura, a parceria com a usina asfáltica regional assegura massa usinada e compartilhamento de máquinas, viabilizando perfilagens e pavimentações com menor custo por tonelada e cronogramas ajustados às janelas técnicas do serviço.
A usina consorciada é um bom exemplo de como a cooperação ganha corpo. Construída com recursos públicos formalmente pactuados, em operação desde o final de 2021 e já utilizada por mais de dez municípios, ela demonstra que a integração regional não é uma ideia abstrata. Trata-se de equipamento coletivo com governança definida, rateio transparente e regras para uso, aquisição de insumos e prestação de serviços. Para cidades como Ibiaçá, isso representa acesso contínuo a um insumo crítico — asfalto quente produzido sob controle técnico — sem a necessidade de adquirir, manter e operar uma planta própria. O resultado é pragmático: as vias urbanas e acessos rurais deixam de esperar por triangulações burocráticas e passam a depender de uma fila regional organizada, com custos e prazos conhecidos.
A pauta da agricultura, tão sensível para os municípios do Nordeste do Estado, também mostra a força da unidade. Em junho, prefeitos da região se mobilizaram, por meio da Famurs, para tratar do endividamento rural e da securitização das dívidas do setor. O tema é estadual e federal na essência — envolve bancos, legislação e políticas de crédito —, mas suas consequências são municipais: quando o produtor não consegue acesso a crédito, a arrecadação e os serviços locais sofrem. A presença institucional de Ibiaçá nessas discussões garante que a realidade do município seja considerada. Não se trata de promessa de solução imediata, e sim de assegurar que decisões sobre crédito, prazos e garantias contem com a leitura de quem administra estradas vicinais, mercados públicos e a extensão rural no dia a dia.
Unidade municipalista não é fusão de competências: cada ente mantém seu papel — saúde regulada pelo Estado e financiada a três mãos, obras sob a Lei de Licitações, repasses amparados por lei, plano e prestação de contas. Consórcios bem estruturados respeitam esse desenho (rateio, auditoria, relatórios, prazos, regras de aditivos e rescisão), dando segurança para planejar, acionar o Estado quando a política exige escala e a União quando a pauta é nacional. Na prática, compras consorciadas de medicamentos reduzem preços e risco de falta, pavimentação compartilhada encurta o ciclo projeto-execução, e capacitação via associações qualifica equipes — gerando um círculo virtuoso perceptível ao cidadão, com manutenção ocorrendo, regulação da saúde transparente e gestão planejada
Como prefeito, tenho insistido que a união regional não retira autonomia — ela a fortalece. Ibiaçá mantém suas prioridades, escolhe suas frentes de investimento e preserva seus símbolos, sua história e sua escala humana. O que a unidade oferece é força para negociar, técnica para executar e constância para sustentar políticas públicas ao longo do tempo. A cidade ganha quando a região avança, e a região avança quando seus municípios confiam nas instituições que criaram para trabalhar juntas. Esse é o sentido da unidade no municipalismo que defendemos: fazer junto o que precisa de escala, representar em bloco o que exige voz alta e cuidar, com responsabilidade e método, do que é nosso.




