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23/11/2021

A  Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL) começou a ‘abrir mata’ para traçar uma trilha que deve expandir os negócios do Brasil com a China no setor lácteo. Este importante parceiro internacional em commodities como a soja e a proteína animal pode ser um divisor de águas para o leite nacional.

Há cerca de dois anos, a China passou a aceitar produtos lácteos vindo do Brasil, mas fez uma série de exigências burocráticas e sanitárias para receber o produto. Em novembro, a CCGL conseguiu ultrapassar essas barreiras e fez história ao exportar um palete com diferentes tipos de leite em pó para o gigante asiático.

“Foi um volume pequeno, um palete apenas, não sei exatamente o peso que deu. Foi leite em pó em todas as especificações. Esta primeira vez foi para conhecermos este mercado, ter ideias dos custos de operação. O caminho ainda não está limpo. Foi uma primeira exportação para mostrarmos o produto brasileiro”, relata o presidente da CCGL, Caio Vianna.

A Cooperativa embarcou amostras de leite em pó integral, instantâneo, desnatado, semidesnatado e sem lactose, com a esperança de que a qualidade do lácteo produzido no País e, acima de tudo, no Rio Grande do Sul, seja reconhecida pelos chineses.

“Nesse leite exportado para lá foi necessário identificarmos produtor por produtor, rastrear leite desde o dia que saiu da vaca até chegar na indústria. Outra restrição, que nem todos os produtores podem cumprir, é que a propriedade precisa estar certificada como livre de brucelose e tuberculose. Só foi possível botar esse leite na China porque temos 60% das propriedades cooperadas certificadas”, afirmou Vianna.

São diversos os entraves burocráticos que precisam ser superados nesses primeiros negócios do setor com a China. São muitas exigências legais, sanitárias, burocráticas, tarifárias e logísticas para conseguir-se concretizar a operação para o outro lado do planeta.

Caso o Estado e o País consigam superar estes entraves e concretizar um ritmo de negócios estável com os chineses, pode ser um divisor de águas para o setor.

“No RS, tínhamos uma dificuldade muito grande de vender. Antes de 2003, os agricultores falavam que o governo precisava estocar o trigo, não havia liquidez, não havia comprador na safra. A partir de então, começou a se exportar trigo. A Cooperativa Gaúcha hoje exporta 1,5 milhão de toneladas de trigo, e, se o produtor quiser vender 100% da sua safra, tem comprador e tem dinheiro pra pagar. Quando se atinge reconhecimento internacional, temos o mercado externo para balizar, e ainda tem o mercado interno. Temos a garantia de que o produtor pode produzir que vai conseguir vender”, conta Vianna.

Futuro do mercado lácteo
O futuro do mercado lácteo brasileiro com a China deve ser focado no leite em pó, leite condensado e no queijo, que são produtos concentrados e mais fáceis de serem transportados. Hoje, com a tecnologia desenvolvida no Rio Grande do Sul, é possível embarcar leite em pó com validade de um ano sem necessidade de resfriamento. Mas, para que de fato exista um mercado externo consolidado no setor, é necessário fazer alguns ajustes legislativos junto aos ministérios de Agricultura e Relações Exteriores.

“Nós buscamos equivalência em realização à Nova Zelândia, que é o país que mais exporta lácteos hoje para a China, e tem uma alíquota menor para exportação. Permanecendo essa alíquota diferente, vai ser difícil termos um mercado externo sólido”, argumenta o presidente da CCGL.

Este primeiro negócio firmado com os chineses foi essencial para que se identifique os principais entraves, os custos de operação – que esbarra na taxa elevada para o frete marítimo que deve permanecer em 2022 – e as formas de como o Brasil pode ganhar mais este mercado. “Aí sim, vamos ter condições para os negócios fluírem em volumes maiores”, prevê Vianna.

Fonte: Jornal do Comércio

Crédito da foto: Wenderson Araujo/CNA/Divulgação/JC

 
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