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20/10/2021

Autonomia  do Médico não pode ser sequestrada por debates políticos.
O compromisso com o zelo pela saúde do cidadão é um fundamento de nossa República e uma conquista da cidadania, não pode estar sujeito ao vai-e-vem das marés ideológicas. Vimos durante estes longos meses de pandemia uma polarização política eivada de falta de bom senso e até de falta de equilíbrio emocional. O debate político, amplo e democrático é fundamental, a livre contraposição de ideias é basilar no processo de evolução da sociedade democrática. O abuso das liberdades e prerrogativas da democracia para promover linchamentos públicos, propor o cerceamento de liberdades, interferir no cumprimento dos deveres profissionais, e, de forma bem específica, sequestrar a autonomia médica e fazer uma “caça às bruxas” a médicos, operada por grupos extremistas de esquerda e direita que ao sabor de suas matizes políticas condenam ou endeusam tratamentos, tem que ser rechaçado pelo conjunto das instituições da sociedade.
O fomento da prática da automedicação e do negacionismo da eficiência das vacinas e de tratamentos para a Covid, confundindo as pessoas sobre a necessidade no uso das máscaras e do distanciamento social não pode ser aceito como comportamento de agentes públicos. A criação de mitos, como a eficiência sanitária do lockdown, orientando erradamente pacientes a não irem ao hospital para tratarem suas doenças crônicas, fazerem pré-natal ou ainda submeterem-se a exames de pré-câncer e ao acompanhamento da diabetes foram algumas das situações absurdas que viraram trincheiras de embate político irracional e predatório e que interferiram na elaboração de políticas de saúde e na adoção de medidas de combate a pandemia, ou ainda pior, que geraram atitudes erráticas entre gestores e pacientes e que até mesmo ensejaram situações violadoras de direitos, deveres e garantias na prática da medicina, como a proibição na distribuição de alguns medicamentos por farmácias distritais, o que aconteceu até na capital do RS com acolhimento por órgão do poder judiciário.
Não podemos deixar de lembrar, para nossa completa tristeza, do contexto de guerra contra um vírus e pela vida de milhões de pessoas, do qual grupos criminosos abusaram aumentando o preço de medicamentos hospitalares essenciais a vida com foco único no enriquecimento rápido e ilícito, submetendo grande número de médicos a condições inadequadas de trabalho, comprometendo a saúde física e mental destes médicos e de seus pacientes.
Que estas reflexões nos levem a patamares éticos e morais mais elevados, até para que os deveres e liberdades inerentes a prática da medicina voltem a uma condição de normalidade.

 
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