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15/08/2020

O  mercado global de carnes premium é um clube fechado. Dele, participam os países que compram e vendem produtos de excelência pelos melhores preços. Nele, não entram as nações que vacinam contra febre aftosa – mesmo que sua produção tenha qualidade e sanidade comprovadas.

É o caso do Brasil. Com exceção de Santa Catarina, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa sem vacinação, outros estados não podem exportar carne bovina in natura para mercados mais atraentes. EUA, Coreia do Sul e Japão, por exemplo, pagam até três vezes mais.

Nesse contexto, é justo que um estado agropastoril como o Rio Grande – que produz carne bovina a partir de raças de origem europeia, com rebanho criado a campo, à base de sal e capim – não possa participar desse seleto mercado? Não. Mas essas são as regras do jogo, e temos de nos sujeitar a elas.

A carne do “boi verde” gaúcho tem marmoreio (gordura entremeada nas fibras), textura e sabor comparados às melhores do mundo. É do tipo que norte-americanos e japoneses mais apreciam. Mas não podemos exportar para esses e outros países porque o rebanho gaúcho ainda é vacinado contra aftosa. Isso, mesmo que o último foco da doença tenha sido registrado em 2001.

O recente reconhecimento do Ministério da Agricultura ao Rio Grande do Sul como área livre de febre aftosa sem vacinação premia o trabalho duro de produtores rurais, autoridades, governos e Secretaria da Agricultura para garantir a segurança sanitária do rebanho nos últimos 20 anos. A retirada da vacina abre novas perspectivas comerciais para pecuaristas e frigoríficos. E não apenas para quem produz carne bovina: suinocultores, avicultores e produtores de leite também serão beneficiados – tão logo a OIE reconheça o novo status sanitário do estado.

Sabemos dos riscos envolvidos na suspensão da cobertura vacinal. Por isso, precisamos nos cercar de todas os cuidados possíveis para evitar retrocessos: controle do trânsito de animais, investimentos na vigilância sanitária preventiva e combate ao abigeato e ao contrabando. Cada produtor precisa fazer a sua parte, independentemente das ações que caberão ao Estado.

Precisamos ser cautelosos – mas sem medo de ousar. Já em 2015, trouxe este tema para debate na Assembleia Legislativa. Como se diz no campo: “boi lerdo bebe água suja”. Atingimos agora a nossa maioridade sanitária. E saberemos valorizar essa importante conquista.

 
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