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04/10/2018




Nosso  país possui todos os ingredientes para se tornar uma grande nação. Temos a oitava economia mundial, fontes de recursos naturais inestimáveis e um mercado consumidor extremamente ativo.

São muitos os fatores apontados como causa para este enorme disparate entre possibilidade e realidade. Quase todos estes passam pelo questão da corrupção no sistema público administrativo. Com certeza, com o advento dos meios de comunicação, quase todos os brasileiros concordam com isto, uma vez que é a verdade mesmo. Mas o que poucos questionam são as causas técnicas e não filosóficas de termos tantos corruptos no governo…

Aos 26 anos de idade eu já assumia a função de vice-prefeito de meu município ocupando o mesmo cargo quatro anos depois. Eleito em 2012, fui prefeito da cidade, e reconduzido, em 2016, com muito orgulho e alegria em servir aos meus concidadãos. Então, lá se vão quase 16 anos lidando diretamente com as mazelas de uma administração municipal. Muito embora eu tenha a consciência de não ser o dono da verdade, gostaria de compartilhar algumas impressões que obtive durante este período. Acredito, basicamente, que a ruptura que permite a infiltração da contaminação no setor político é a disparidade de poder atribuído entre os entes responsáveis pela manutenção do estado democrático de direito. Mais especificamente, o enfraquecimento legal e proposital do poder executivo. O Brasil necessita de um executivo fortalecido. A responsabilidade atribuída a um prefeito, governador ou presidente é inversamente proporcional ao reconhecimento de seus êxitos. Porém o caminho é justamente o oposto quando este não satisfaz plenamente os anseios da maioria.

Como exemplo, cito a instância maior. Estamos sob um regime parlamentarista enrustido, hipócrita e extremamente oportunista. A história demonstra isso, e não importa o partido ou a ideologia. O presidencialismo serve apenas para personificar a culpa em caso de fracasso. De fato, não se governa sem o apoio do Congresso Nacional e, para obter tal apoio, é preciso jogar o jogo, repartir ministérios, fazer favores, distribuir emendas. E, assim mesmo, no primeiro vacilo, seja ele proposital ou não, sempre existirá o risco de enfrentar o escárnio público maestrado pelos mesmos que outrora foram seus aliados mais leais.

Em escala consideravelmente menor, governadores e prefeitos enfrentam as suas próprias limitações. No caso dos governadores do meu estado, as maiores dificuldades acontecem sempre no momento em que as aprovações de leis impopulares precisam ser votadas. Ninguém aprova congelamento de salário ou aumento de impostos quando se está na oposição, por mais necessárias que estas medidas sejam para um governo.

No caso das prefeitos, muito embora possa me considerar uma exceção, o que têm sido apontado como a maior adversidade é a chamada judicialização da gestão. A grosso modo, se governa através de liminares. Sempre sob o terrorismo de se poder acabar o mandato atrás das grades. Na cidade, que é o único elemento real e concreto existente (pois estado e nação são figuras abstratas), a culpa é sempre do prefeito.São poucos os que se informam de quem é a real responsabilidade daquela obra inacabada ou da verba que não chegou. É vaia no prefeito. Não se trata de vitimismo, não seria tão ingênuo assim a ponto de praticar tal cobardia, só acredito que o nosso ponto mais forte é, hoje, nosso ponto mais fraco.

 
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