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24/09/2018



Em  sessão solene a Assembleia Legislativa reverenciou hoje (18) a Revolução Farroupilha, reunindo autoridades civis e militares no Plenário 20 de Setembro. O presidente do Legislativo, deputado Marlon Santos (PDT), conduziu a cerimônia, que contou com homenagens das bancadas do PP, PDT, PSDB, PCdoB, PT e PR. Prefeito e secretários do município de Caçapava do Sul, segunda capital Farroupilha e destacado na programação da Semana Farroupilha 2018 da Assembleia, também prestigiaram a sessão. Antes do início da sessão houve apresentação de dança gauchesca pelo Grupo de Dança Arte Nativa, de Viamão. A sessão foi iniciada com a apresentação do Hino Nacional com voz e violão por Fernanda Krieger, e encerrada com Fátima Gimenez cantando o Hino Rio-grandense.

A Revolução continua
O líder da bancada do PP, deputado Sérgio Turra, questionou da tribuna as razões do movimento separatista deflagrado em 1835 e os impedimentos que ainda hoje predominam para o desenvolvimento do Estado. Destacou os valores da Revolução – justiça e liberdade – defendidos com coragem pelos guerreiros farroupilhas, “esses valores forjaram a nossa identidade”, destacou, mas passados dois séculos continua a luta contra a centralização federal esmagando estados e municípios. Referiu pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, Firjan, que comprova essa realidade: mais da metade dos 497 municípios gaúchos (56,75), não dispõem de recursos próprios para sua manutenção. E a principal razão, apontou, é que de cada R$ 100 gerados nas cidades, apenas R$ 18,00 retornam para as comunidades. “Com a mesma convicção dos farrapos precisamos dizer “não” a tudo isso”, defendeu, refutando as fórmulas conhecidas, como o aumento de impostos. Dizendo que “essa guerra ainda não terminou”, o parlamentar pregou a união para a busca da justiça pelo Rio Grande do Sul, “acima de qualquer bandeira”. Encerrou prestando homenagem aos cavaleiros e cavaleiras que desfilam no dia 20 de setembro, e ao cavalo, animal que se destaca em rodeis e esportes equestres, que têm sido questionados por entidades da causa animal. E resumiu na frase de Bento Gonçalves o sentido do momento atual: “A causa que defendemos não é só nossa. Ela é igualmente a causa de todo o Brasil”.

Ideais farroupilhas como inspiração
O deputado Enio Bacci (PDT) afirmou que o Rio Grande do Sul sempre foi pródigo em evocar os princípios da igualdade, fraternidade e liberdade, ideias da Revolução Francesa. A Guerra dos Farrapos, na avaliação do trabalhista, foi um movimento para “banir o autoritarismo e o jugo do poder imperial, guarnecido por um exército bem armado e dotado de apoio internacional”. “Por 10 anos, os gaúchos, usando táticas de guerrilha, impuseram severas derrotas às forças do Império”, apontou. Bacci desejou que os ideais farroupilhas “sirvam de inspiração aos gaúchos e brasileiros neste momento difícil por que passa a Nação”. “Que tenhamos a força, a sabedoria e os princípios farroupilhas como guias para que o bem possa vencer o mal e para que possamos enfrentar a praga da corrupção e a criminalidade, que tira a vida de pessoas de bem”, enfatizou.

Cultura que une gerações
O deputado Lucas Redecker (PSDB) falou sobre o legado cultural e político dos farroupilhas e sobre a importância dos Centros Tradição Gaúcha na agregação das famílias, no convívio entre gerações e na propagação da cultura do Rio Grande do Sul. “Herdamos dos farroupilhas o orgulho de ser gaúchos, o senso de sociedade e de coletividade. Que possamos cultivar nosso maior legado, que é o orgulho de nossa gente e de nosso passado, por muito tempo ainda”, apregoou. O parlamentar fez menção também ao tradicionalista Paixão Cortes, homem que se transformou em símbolo do gauchismo, falecido em agosto deste ano aos 91 anos.

Heróis esquecidos
A referência às oito companhias de lanceiros negros, formadas por ex-escravos libertos pela República Rio-grandense e que lutaram contra as forças imperiais, foi o tema central do pronunciamento do deputado Juliano Roso (PCdoB). “Ao lembrar do nosso passado e refletir sobre nosso presente, não podemos deixar de mencionar estes heróis esquecidos, que não aparecem nos livros de História, mas foram a alma e a essência da Revolução Farroupilha. O seu exemplo continua atual, especialmente em um momento em que o Brasil assiste a atos de racismo e preconceito”, frisou o parlamentar. O parlamentar citou também as festividades da Semana Farroupilha, organizadas pela 7ª Região Tradicionalista em Passo Fundo, que duram 14 dias e envolvem 16 entidades tradicionalistas.

Luta pela igualdade
Pela Bancada do Partidos dos Trabalhadores, o deputado Jeferson Fernandes também refletiu sobre a dependência imposta ainda hoje pelo governo federal ao Rio Grande do Sul, centralismo que motivou a revolta em 1835. Essa ingerência, afirmou, exige mobilização para evitar os erros do passado, lembrando que a dívida com a União já foi paga. Defendeu a mobilização da sociedade para evitar a venda do patrimônio gaúcho. Ressaltou o aspecto plural da revolta liderada pelos farrapos, destacando os valores humanitários do movimento simbolizados em Garibaldi, que “imprimiu na disputa os ideais iluministas que combatiam o obscurantismo vigente na época”. E nos Lanceiros Negros, “trabalhadores escravizados que sonhavam com a liberdade, descendentes de diferentes povos de continentes africanos arrancados de seus lares para construir aqui, com suor e sangue, a riqueza do país, traídos e chacinados em Porongos”. Homenageou também as mulheres farroupilhas, que enfrentaram a violência da guerra e do patriarcado, os saques, incêndios e assassinatos, “resistência e rebeldia que foram fundamentais”. Referiu, ainda, os indígenas e trabalhadores imigrantes, e, ao final, recitou o poema de Leopoldo Rassier “Sabe moço”.

Identidade cultural do gaúcho
Pela Bancada do Partido da República o deputado Missionário Volnei enalteceu do Plenário 20 de Setembro “a data mais importante para o gaúcho”, fazendo referência ao início da “injusta guerra”, como diz o Hino Rio-grandense, “uma ímpia e injusta guerra”. Em 1835 foi declarada “a posição dos gaúchos na luta pela liberdade”, movimento que deixou como legado “povo que não tem virtude acaba por ser escravo”. Mas a luta travada durante dez anos em defesa da economia gaúcha e seus produtos “segue até os dias de hoje”, não contra o império mas na defesa de um novo pacto federativo “com melhor distribuição dos recursos”. Mas o deputado destacou, também, “os aspectos da disputa que resultaram na definição cultural dos gaúchos, no fortalecimento de sua identidade, as tradições e costumes que se tornaram nossa principal marca”, que é o orgulho de ser gaúcho. Apontou o tema proposta pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho, MTG, para as comemorações deste ano, que buscam unir as gerações em torno dos valores defendidos pelos farrapos. Dedicou sua manifestação ao tradicionalista Paixão Côrtes, recentemente falecido.


Francis Maia* - Edição: Sheyla Scardoelli
* Colaboração de Olga Arnt

 
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