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05/04/2018


A  sinalização do “governo” federal em liberar aulas a distância, ao ensino médio e ao EJA, representa um retrocesso à educação pública. A medida foi divulgada na semana passada e discutida durante o Seminário Resistência Democrática para a Garantia da Qualidade da Educação que promovemos em parceria com o Simpa, Atempa e Sinpro.

Essa estratégia está ligada a uma política de ajuste fiscal do (des) governo Temer que irá provocar efeitos diretos à qualidade da educação pública e elevar a desvalorização do magistério.

Com a modalidade, abre-se a brecha legal para substituir uma das figuras primordiais no processo de ensino, o professor. Tutores custam menos ao Estado.

O modelo EAD para o ensino médio e EJA é excludente e não atende a necessidade da maior parte dos estudantes, que precisam de acompanhamento presencial e estímulos para estudar. O professor é peça chave neste processo.

É importante destacar que a educação a distância exige um comprometimento muito grande do estudante. Levantamentos mostram que a modalidade tem a maior taxa de evasão. Nas instituições privadas, o índice é 35,2% contra 27,9% nos cursos presenciais.

No caso da educação de jovens e adultos, temos como particularidade, pessoas que haviam abandonado os estudos, e estão retomando, ou ainda, aqueles com idade avançada, muitos deles trabalhadores, que querem complementar seus estudos com a conclusão do ensino médio.

Fui professor da EJA, e este perfil de estudante requer uma atenção especial no processo de aprendizagem. Todos terão autonomia necessária para persistir e aprender por meio de um sistema EAD? Precisamos questionar e estabelecer essa discussão, já que o governo federal não faz.

O que está por trás da proposta de EAD nas EJAs é uma negociata envolvendo, possivelmente, interesses de grupos privados da educação a distância.

Estamos diante de uma tentativa de sucatear o ensino público e aprofundar as desigualdades sociais. Enquanto Temer adota esta estratégia, deixa de enfrentar os verdadeiros problemas da educação brasileira, como a evasão escolar e a carência de professores e infraestrutura básica.

Quem vai pagar essa conta será a população brasileira. Há governadores que farão um esforço imenso para aderir a esta bandeira. Tenho convicção que, se esta medida prosseguir, o secretário de Educação, Ronald Krummenauer vai ser o primeiro a abraçar o modelo e implementar na rede estadual.

Devemos lembrar, que neste ano, diversas escolas foram fechadas. O próprio secretário declarou em um jornal de circulação estadual que se arrependia de não ter fechado mais escolas.

Em Passo Fundo, no início do ano letivo, cerca de 400 alunos aguardavam por uma vaga na rede estadual. Isso não é admissível.

Queremos professores que ganhem de maneira digna. A educação pública e de qualidade deve ser uma prioridade para o Estado e ao país.


 
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