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26/10/2015



Em  fevereiro fui convidado por um amigo para a colheita da uva na propriedade da família, terras e parreiras cultivadas desde os primórdios da imigração italiana. Fiquei feliz por sua gente ter perenizado uma tradição secular e transmiti-la às novas gerações. Esse labor familiar é a base que construiu a região da Serra Gaúcha.
Apesar da perfeita simbiose com a cultura italiana, minha história tem outra geografia. Fui criado no campo. Minha rotina infantil era ordenhar as poucas vacas que tínhamos, cuidar das galinhas, roçar, plantar, vida de interior na querida São José dos Ausentes, então distrito de Bom Jesus. Muito cedo saí para estudar, para trabalhar, e a gente foi se aculturando à realidade urbana.
Num fim de semana dos primeiros tempos em Caxias, retornei ao torrão natal com minhas duas crianças ainda pequenas. Queria lhes mostrar nossas origens e a simplicidade das lides do campo. Lá pelas tantas a vaca aliviou a bexiga e minha filha fez um apelo dramático: -"Pai, traz papel higiênico porque a vaca fez xixi".
Dei-me conta naquele instante que meus filhos não conheciam a grandeza de nossas origens, também humildes e de natureza campeira, os animais, as tradições do gaúcho serrano. E prometi que iria resgatar esta lacuna na formação dos meus filhos.
Dias depois recebi como paga de trabalho um cavalo. E dali a pouco estávamos, eu e meu filho, fazendo dupla no tiro de laço. Hoje, adultos e com responsabilidades muito maiores, confesso que é neste ambiente que acalmo minha alma. Ser por algumas horas apenas um gaudério livre, virando uma costela no fogo, chimarrão e cordeona, observando o universo ao lado da minha família, é o que mais me faz bem.
E percebo que cultuar as raízes de onde viemos, independente de posição social ou política, é servir à Pátria e honrar nossos ancestrais. Perpetuar raízes não colide com o exercício de funções profissionais ou públicas. Respeito à diversidade é bom e deve ser o apanágio dos que detêm a responsabilidade do conhecimento e da sua multiplicação na comunidade. O que faz uma sociedade sã é o respeito às origens de seus membros. Trair esse conceito é apequenar nossa história.



 
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